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Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro

Ex-presidente é acusado de burlar restrições impostas pelo STF usando redes de aliados para se manifestar politicamente

Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro

Em uma decisão que repercute fortemente no cenário político brasileiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou nesta segunda-feira a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida foi motivada por sucessivos descumprimentos das medidas cautelares impostas anteriormente pelo próprio Supremo.

Segundo o despacho do ministro, Bolsonaro utilizou perfis de familiares e aliados políticos para divulgar mensagens com conteúdo político e ataques diretos ao Judiciário, violando a proibição de uso de redes sociais e de contato com outros investigados no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

De acordo com informações obtidas por fontes próximas à investigação, o monitoramento da Polícia Federal identificou que o ex-presidente manteve intensa comunicação com apoiadores por meio de intermediários. Um dos episódios decisivos para a prisão foi a participação remota de Bolsonaro, via ligação telefônica, em uma manifestação pública realizada no último sábado (3), em Copacabana (RJ), onde voltou a criticar duramente o STF.

“É notório o descumprimento reiterado das medidas impostas, o que justifica a substituição das cautelares por regime de prisão domiciliar imediata”, afirmou Moraes no despacho, reforçando que a Justiça “não pode ser feita de tola”.

A decisão judicial determina:

  • Recolhimento domiciliar integral, com uso de tornozeleira eletrônica;

  • Proibição de uso de aparelhos eletrônicos, inclusive celulares, tablets e computadores;

  • Vedação de visitas não autorizadas, salvo familiares diretos e advogados previamente cadastrados;

  • Proibição de contato com autoridades estrangeiras, aliados políticos e demais investigados nos processos em curso.

Em nota, a equipe de defesa de Bolsonaro classificou a decisão como "autoritária e desproporcional", e afirma que recorrerá ao plenário do Supremo. Aliados do ex-presidente falam em “perseguição política” e afirmam que a decisão tem “caráter midiático”.

A prisão domiciliar reacende o debate sobre o papel do Judiciário no combate à desinformação e ao discurso de ódio, e amplia a tensão entre os poderes às vésperas das articulações eleitorais para 2026.